quarta-feira, 28 de abril de 2010

Antes tese


E mais um dia eu havia assistido a um triste final de novela, em outro lido um triste final de livro, depois visto um triste final de filme, quando o Mazurca, amigo da tia “Mi” querida, me fez a seguinte pergunta: “Por que não escreve a sua própria história?” Pesquise, pense bem sobre os seus personagens e escreva. Aquela simples pergunta foi uma das mais positivas que já ouvi na minha vida. Até então, eu punha escritores, roteiristas e diretores e demais contadores de história no pedestal, e ouvir aquilo me devolveu outra pergunta que fiz para mim mesma, “sou capaz?”. Eu tinha treze anos de idade quando toda essa ideia começou a balançar meus dias, foi em fevereiro de 2001. Assim, a todo o momento, eu procurava pistas para poder escrever a melhor história. Meus cadernos eram rabiscados constantemente e depois de 57 páginas redigidas a lápis em um caderno de estimação até o dia 02/02/02, cheguei à conclusão que tinha em mãos uma história sem nome e pobre, da qual não gostei do final. Porém, dali havia um personagem do qual me identifiquei bastante. Eu estava amadurecendo e os meus personagens também. E aquele seria o meu "personagem revolucionário", que iria fazer a diferença na sociedade em que vivia e que teria enfim um final que me agradasse. Era um personagem que iria refletir o sentimento de mudança que eu tinha quando assistia às aulas de história da super professora Rose, da escola Fernando Prestes, onde estudei. Deixei de lado a historinha tola e infantil que escrevera e resolvi começar um livro de verdade com o meu mais novo e querido personagem. Faltava agora um final, depois um começo e enfim repertório para poder escrever bem os meios.

Quando comecei a cursar publicidade e propaganda, em 2006, minha empolgação em escrever aumentou, devido às coisas novas que via. Foi nesse ano que comecei a passar meu novo texto para o papel, ou melhor, para a tela e para o HD. Em dois anos escrevi e depois entreguei para alguns amigos lerem. Todos deram sua opinião de forma positiva e apontaram algumas falhas que me prontifiquei a corrigir ou melhorar. No final de 2009 terminei os meus ajustes e enfim, vi que não estava perfeito, mas fiquei muito feliz e satisfeita com o resultado. Na mesma semana, recebi um e-mail de um amigo que tinha lido o romance que acabara de sair do forno, dizendo “Sua chance Rê!”. Era a notícia do Prêmio de Literatura do Jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba. Arrisquei. Assim nasceu “Antes tese" meu primeiro romance, que como vencedor do Prêmio, terá sua 1ª Edição com mil exemplares.

Obrigada a todos que estiveram comigo nessa caminhada.

Para saber mais sobre o livro, confira o blog. Para ver a notícia do Prêmio, confira no site do Jornal Cruzeiro do Sul.

Enquanto não é publicado, deixo para vocês um texto lindo que o meu amigo Tiago escreveu sobre o livro em seu blog. Quando escreveu, o nome que eu havia deixado era "Antítese", com o tempo resolvi mudar para "Antes tese", quem ler vai saber o porque...


Fui convidado a ler o romance de estréia de Renata Cunha, a quem há pouco mais de dois anos tenho chamado de amiga e em retribuição, não poderia deixar de lhe escrever algo, assim compartilho aqui minhas impressões sobre sua obra.

Uma filosofia regada a goles de chá, Antítese não defende uma tese, posto que elas já estejam por aí à espera de alguém que possa entrar em conflito com elas; ela nos insere em um provocante jogo de ação, reação e reflexão sobre uma realidade denunciada em uma ficção fecundada de emoções empíricas.

Dotada de uma escrita com certas doses que beiram uma complexidade quase caleidoscópica, que se equilibra numa poesia contada em crônicas do cotidiano, Antítese disfarça-se de uma ingenuidade envergonhada, mas de fato, com um discurso nem um pouco tolo.

Fazendo jus ao ditado, Renata mostra que conhecimento não é aquilo que sabemos e sim aquilo que fazemos com o que sabemos. Desta forma, somos apresentados não apenas a um trabalho de dois anos, mas sim a uma obra construída durante os vinte anos da autora.

Prepare-se para muitas vezes perguntar-se “Porque eu nunca pensei nisso antes?”, Antítese cutuca as feridas humanas da razão, da perfeição, do medo e do desespero. As personagens existem porque precisam existir, estão fora do controle de seu próprio criador; caminham por passos próprios, existindo simplesmente enquanto devem existir.

Sem perceber, somos convidados sem recusa a nos abstrair de nossos próprios atos, e imergir ora nas entrelinhas do que pensamos dizer o narrador, ora naquilo que imaginamos ser o imaginado pelo autor. Entretanto, não existem certezas, Antítese não busca sínteses. Seríamos bobos demais se procurássemos uma conclusão ou um sentido para todas as coisas, que dirá, tudo pode não ter sentido algum.

O Tiago escreve coisas muito bonitas, se você quer ler mais confira o blog Bordel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário