domingo, 23 de janeiro de 2011

Pés


Preso ao mundo estão meus pés que não se situam. Andam pelo chão relento, pelo asfalto, areia e relva. Sem sandálias de pele e sem sapatos importados vagam estendidos sobre orvalhos. Estão perdidos. E perdidos se deslocam do mundo me levando para longe. E assim me preocupo em voltar. A curva é torta, a estrada nem sempre é reta. Irei para onde o vento me leva? E o vento leva ao possível, de carros, pessoas e festas, trabalhos, mentiras e prosas mal resolvidas. Ah! Que me diz a vida que guia? Que quer ela de mim? A tempos não me dá sentido, reclama e não ama. O tempo é apenas corrida e não há cavalos alados ou lendas vazias a me conquistar. Que conto, que sonho que de repente acaba, que estranho, que passos tão curtos que me fazem andar. Enquanto um livro é escrito e uma mulher chora, o coração bate e os pés dormem sem demora.

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