sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Colapso


O bebe está ferido. Há uma guerra, uma guerra bem fria. Daquelas que congelam o olhar alheiro, obrigando o foco a apontar apenas no que se apaga. Há pó, pedra, fumaça e mães que fugiram de casa. Há algo que eu não vi, não senti, não amei e barrigas que passam fome. A guerra é de capitalistas. As armas apontam para o céu tentando matar o Deus que julgam culpado. A vida sangra um sangue que corre austero as vergas do morro, aquele da direção errada, talvez contrária que não está no mapa. Ouve-se um barulho, não é música nem festa, vem da jaula dos errados, depois dali todo mundo é gente que não mente, não faz coisa feia. Nas ruas é a vez do fogo, e da chuva e do ermo. Meio de transporte é a terra bendita, que poupa a dor e não grita. Mais uma vez os filhos do trabalhador não foram para escola, mas eu estou em casa. A cara esfolada é notícia, porque estamos entre ervas, somos Evas, este é o paraíso, e a cidade é maravilhosa.

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