sábado, 18 de setembro de 2010

O importante na vida é ser feliz



-Por que você está triste, moça? – Perguntou-me o motorista.

Deixa-me estar triste, a minha vida não é perfeita assim como a sua também não é, motorista. A minha tristeza é sincera e o meu sorriso também. Quando ouço essa pergunta você me cobra, me obriga a ser feliz. Se não bastassem os potes de margarina ou folhetos de condomínios... Ora não posso ficar triste? Tristeza pelo que sei não é uma doença, embora muita gente a coloque em cápsulas e comprimidos. É um instante, e para mim deve passar com um pouco de água e sal, aquela mistura que nasce dos olhos e escorre pelas curvas do rosto, seca com a pele quente ou com lenço de algodão vai embora.

Eu quero uma tristeza despida, porque sou verde e preciso crescer para me colherem do pé. Se o mundo fosse do meu jeito, tenho certeza que não saberia viver. O que não é meu é do outro e sendo do outro pra mim é novo e é do novo que me incomodo, um incômodo responsável pela descoberta e criação. Criação é experimento e a vida serve para ser experimentada, mesmo que seja tomando um café sem açúcar.

Penso sobre isso, ouço uma declaração vaga ao lado. “-Fala pra ela que eu estou bem. Que agora estou chique e de cabelo liso.” Sim você está de cabelo liso e sente a necessidade de falar que está bem para se convencer, mas pra mim você também está triste, não sei se para o motorista. Mesmo assim sorrio. Eu sorrio sempre até para ninguém, por mera vontade de sorrir, e acredito que não preciso de motivos. Mesmo triste sorri pra você, motorista quando entrei no ônibus, que agora para. É hora de descer “– Abre a porta! Vou ser feliz, motorista!”

Foto: by Brand.

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